A sua administração em comprimido diário poderá democratizar o acesso e alterar significativamente o mercado de medicamentos para a perda de peso.

Um estudo internacional, publicado no The New England Journal of Medicine, acompanhou 3.100 indivíduos obesos em nove países ao longo de 72 semanas.

Os resultados mostraram que os participantes que tomaram as doses mais elevadas do medicamento registaram uma perda média superior a 11% do peso corporal, com cerca de 18% a conseguir uma redução superior a 20%.

O orforglipron, desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, atua sobre os recetores GLP-1, o mesmo mecanismo de fármacos injetáveis como a semaglutida (Ozempic, Wegovy).

A grande vantagem reside na sua administração oral, em cápsulas, o que elimina a barreira das injeções para muitos doentes.

Andreea Ciudin, coordenadora da Unidade de Tratamento Integral da Obesidade do Hospital Vall d’Hebron, sublinhou que este avanço poderá “oferecer opções mais convenientes e igualmente seguras, permitindo que mais pacientes tenham acesso ao tratamento e consigam mantê-lo a longo prazo”. Além da perda de peso, o estudo apontou melhorias noutros indicadores de saúde, como a redução da circunferência abdominal, descida da pressão arterial e melhorias nos níveis de colesterol e triglicerídeos. Os efeitos adversos relatados foram maioritariamente gastrointestinais, classificados como ligeiros a moderados e de curta duração, semelhantes aos de outros tratamentos para a obesidade. Embora os especialistas alertem para a necessidade de mais dados sobre os efeitos a longo prazo, a indústria farmacêutica acompanha com atenção estes resultados, que representam um dos ensaios clínicos mais completos na área nos últimos anos.