A Hepatite C, uma infeção que pode permanecer silenciosa durante anos, continua a ser um problema de saúde pública em Portugal, mas o acesso a tratamentos inovadores está a mudar o paradigma da doença. Os antivirais de ação direta permitem atualmente eliminar o vírus em mais de 95% dos casos, através de terapêuticas curtas, seguras e bem toleradas, representando uma esperança real de erradicação. O Dia Internacional da Consciencialização para a Hepatite C, a 1 de outubro, serve para reforçar a mensagem de que a cura é possível. Em Portugal, estima-se que cerca de 0,5% da população já tenha tido contacto com o vírus, o que corresponde a aproximadamente 100 mil pessoas.
A infeção crónica pode levar a complicações graves como cirrose e cancro do fígado. A médica Joana Calvão, do Núcleo de Estudo das Doenças do Fígado da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, sublinha que “para que estes benefícios cheguem a todos, é essencial identificar a infeção atempadamente”. Portugal subscreveu a meta da Organização Mundial da Saúde de eliminar a hepatite C como ameaça de saúde pública até 2030.
Para atingir este objetivo, é crucial reforçar o rastreio, especialmente em grupos de risco. Estes incluem pessoas que receberam transfusões de sangue antes de 1992, utilizadores de drogas injetáveis, indivíduos com tatuagens ou piercings realizados em contextos inseguros e doentes em hemodiálise.
O teste é descrito como “simples, rápido e gratuito” e, quando positivo, permite iniciar um tratamento curativo que não só protege a saúde do indivíduo, como também interrompe a cadeia de transmissão do vírus.
Em resumoCom tratamentos antivirais de ação direta a atingirem taxas de cura superiores a 95%, Portugal está no caminho para eliminar a Hepatite C. O sucesso desta meta depende do reforço do rastreio e da consciencialização da população, permitindo que mais pessoas acedam a uma terapêutica que pode salvar vidas e travar a propagação da doença.