A presidente da Associação Nacional das Farmácias (ANF), Ema Paulino, reconheceu que se tem verificado “uma maior hesitação vacinal que se observa mais na população mais jovem”. Especificamente, indicou que se verificou “um aumento para o dobro” na recusa da vacina contra a COVID-19 neste grupo demográfico.

Paulino alertou que “as redes sociais e os motores de busca podem não ser os melhores locais para procurar informação”, pois os algoritmos podem afunilar o pensamento.

Esta preocupação é partilhada pela antiga diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, que encara o discurso antivacinas com “bastante preocupação”, comparando a desinformação a “uma espécie de um contágio”. Para Freitas, a única forma de contrariar estes movimentos é “provar com transparência, com clareza, em diálogo constante com a sociedade, a vantagem das vacinas”.

A especialista recorda que as vacinas são “vítimas do seu próprio sucesso”, pois a ausência das doenças que previnem diminui a perceção do risco.

Por outro lado, o pediatra Gonçalo Cordeiro Ferreira elogia o “muito bom senso” dos pais em Portugal na vacinação dos filhos, mas critica os discursos antivacinação, considerando-os perigosos e feitos por “pessoas que não tiveram experiência de ver crianças doentes”.