A presidente da ANF, Ema Paulino, defendeu a necessidade de uma “atualização ajuizada” nos preços dos medicamentos mais baratos, argumentando que a sua baixa rentabilidade leva ao desinteresse da indústria e, consequentemente, à sua indisponibilidade. “Quando não temos esses medicamentos mais baratos, a substituição vai ser automaticamente por medicamentos mais caros”, explicou, sublinhando que um pequeno aumento de preço poderia, no final, gerar poupanças para o SNS e para os utentes.
Este problema não é exclusivo de Portugal.
Um estudo da consultora New Angle, que analisou 16 países europeus, revelou que o preço médio dos dez antibióticos sem patente mais vendidos caiu 10% entre 2020 e 2024.
No mesmo período, os custos de produção dispararam, com o índice de preços industriais a subir 31,6% e os custos de energia a atingirem picos históricos. Adrian van den Hoven, da Medicines for Europe, criticou a situação de forma contundente: “é absurdo que o preço de um tratamento com antibióticos custe menos do que uma chávena de café em alguns países”. Esta pressão económica já resultou em 385 situações de escassez e na retirada de 240 produtos antibióticos do mercado europeu. As soluções propostas passam por reformas nas políticas de preços, como a indexação à inflação, e a revisão dos modelos de aquisição pública, para que valorizem a fiabilidade do fornecimento e não apenas o custo mais baixo.













