Este foi o alerta deixado por Jules Evans, especialista na área, que sublinhou que a utilização médica representará apenas uma pequena fração do consumo total, tornando a educação em saúde pública uma prioridade.

Durante o simpósio "Psychedelic Therapy: From Evidence to Equity", na Fundação Champalimaud, Evans destacou que estas substâncias já estão amplamente disponíveis através da internet ou de fontes naturais, como cogumelos. O investigador do Challenging Psychedelic Experiences Project advertiu que, embora possam ter benefícios terapêuticos, "os psicadélicos são amplificadores" de problemas de saúde mental preexistentes ou latentes.

Pessoas com historial familiar de psicose ou perturbação bipolar, por exemplo, enfrentam um risco acrescido, pois o consumo pode atuar como um "gatilho".

Mesmo em condições como a perturbação pós-traumática, onde os psicadélicos podem ajudar, uma utilização sem o devido acompanhamento "pode exacerbar" o problema.

Albino Oliveira Maia, diretor da Unidade de Neuropsiquiatria da Fundação Champalimaud, reforçou a necessidade de um equilíbrio entre o progresso científico e a gestão de riscos.

Desde a aprovação do primeiro psicadélico para depressão grave em meio hospitalar, em maio, o especialista tem conhecimento de apenas dois casos tratados em Portugal, um na Champalimaud e outro em Beja, esperando que o número aumente para responder às necessidades dos doentes. A discussão foca-se, assim, em garantir que a implementação destas novas terapias seja feita de forma segura e equitativa, acompanhada por uma comunicação clara para evitar o uso indevido e os seus potenciais danos.