Mitos sobre a morfina dificultam acesso a cuidados paliativos de qualidade

A morfina continua a ser um dos medicamentos mais incompreendidos no âmbito dos cuidados paliativos, com mitos persistentes a dificultarem o seu uso adequado no controlo da dor e da falta de ar. Vários especialistas sublinham que este fármaco, longe de ser um sinal de fim de vida, é uma ferramenta segura e eficaz para devolver qualidade e conforto ao quotidiano de doentes com doenças graves e progressivas. Os artigos sobre cuidados paliativos, a propósito do Dia Mundial dedicado ao tema, desconstroem a ideia de que a morfina acelera a morte ou que é apenas para os momentos finais. Ricardo Fernandes, Coordenador do Núcleo de Estudos de Medicina Paliativa da SPMI, afirma que "a morfina, longe de ser sinal de fim de vida, é um medicamento seguro e eficaz no controlo da dor e da falta de ar, devolvendo qualidade e conforto ao quotidiano". Esta visão é partilhada por outros profissionais, que lamentam que o estigma associado ao medicamento impeça uma referenciação atempada para equipas de cuidados paliativos. A falta de literacia em saúde faz com que muitos doentes e famílias recusem o tratamento por medo, privando-se de um alívio de sofrimento que constitui um direito. Os cuidados paliativos não se destinam apenas a doentes oncológicos ou em fase terminal, mas a qualquer pessoa com uma doença grave que cause sofrimento físico, emocional, social ou espiritual.

A intervenção deve ser iniciada precocemente, complementando a medicina curativa para oferecer um cuidado integral.

Diluir os equívocos sobre a morfina é, portanto, essencial para garantir que mais pessoas possam beneficiar de um controlo de sintomas eficaz e viver plenamente até ao fim.

Em resumo

O estigma associado à morfina permanece uma barreira significativa ao alívio do sofrimento em cuidados paliativos. Especialistas insistem que este medicamento é seguro e eficaz para controlar sintomas como a dor e a falta de ar, e não um indicador de fim de vida. A desmistificação do seu uso é crucial para garantir que os doentes com doenças graves recebam os cuidados a que têm direito e possam viver com mais qualidade e dignidade.

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