Uma revisão de múltiplos ensaios clínicos levanta sérias questões sobre a sua segurança e benefício a longo prazo. Uma equipa de investigadores liderada pelo Hospital Rigs, na Dinamarca, publicou uma revisão e meta-análise de 19 ensaios clínicos que envolveram 6.506 doentes com dor crónica, como osteoartrite e dor lombar. A análise conjunta dos resultados demonstrou que, embora o tramadol aliviasse a dor, o efeito foi considerado pequeno e abaixo do limiar de eficácia clínica.

Mais preocupante, o estudo revelou que o uso deste analgésico duplicava o risco de danos associados em comparação com o placebo.

Entre os efeitos secundários graves, destacou-se uma maior proporção de “eventos cardíacos”, como dor no peito, doença arterial coronária e insuficiência cardíaca congestiva. O medicamento esteve também associado a um risco acrescido de efeitos secundários ligeiros, como náuseas, tonturas e sonolência.

Os autores da revisão, publicada no The BMJ Evidence-Based Medicine, concluíram que “os potenciais danos do tramadol provavelmente superam os seus benefícios” e, por conseguinte, “a sua utilização deve ser minimizada”.

Esta conclusão desafia a perceção generalizada de que o tramadol é uma alternativa mais segura a outros opioides, uma crença que contribuiu para a sua ampla prescrição. Especialistas que não participaram no estudo, como Enrique Cobos da Universidade de Granada, consideram que estes resultados “obrigam a reconsiderar o papel do tramadol no tratamento da dor crónica”, embora ressalvem que o perfil de cada doente deve ser avaliado individualmente, dada a escassez de alternativas seguras e eficazes.