O trágico incidente ocorreu em janeiro de 2015, quando um homem de 49 anos, transferido para o Hospital Pedro Hispano após um acidente de viação, recebeu uma prescrição de 'amoxicilina com ácido clavulânico'. O seu processo clínico, que o acompanhou desde o hospital de origem em Vila Real, continha a informação crucial de que era alérgico à penicilina. No entanto, o médico interno de ortopedia que o observou não consultou o processo nem questionou o doente sobre alergias antes de prescrever o medicamento.

Subsequentemente, um enfermeiro administrou o fármaco, também sem verificar a informação clínica.

Cerca de dez minutos depois, o paciente sofreu um choque anafilático, entrou em paragem cardiorrespiratória e faleceu.

O processo judicial foi longo: inicialmente absolvidos do crime de homicídio por negligência, os dois profissionais de saúde foram depois condenados pelo Tribunal da Relação do Porto por ofensa à integridade física por negligência. A Relação considerou que a administração do antibiótico foi a causa direta da morte.

O enfermeiro recorreu para o Supremo Tribunal de Justiça, que agora confirmou a condenação, fixando uma multa de 900 euros e uma indemnização de 25 mil euros a pagar ao filho da vítima. O caso expõe uma quebra grave nos protocolos de segurança do doente, que exigem a confirmação de alergias antes da administração de qualquer medicamento.