A Organização Mundial da Saúde emitiu um alerta global sobre o aumento da resistência aos antibióticos, que cresceu mais de 40% em cinco anos, representando uma ameaça crescente aos avanços da medicina moderna e à saúde das populações em todo o mundo. O mais recente relatório do Sistema Global de Vigilância da Resistência e Uso de Antimicrobianos (GLASS) da OMS, baseado em dados de mais de 100 países, revela um cenário preocupante. Entre 2018 e 2023, a resistência aumentou em mais de 40% dos antibióticos monitorizados, com uma em cada seis infeções bacterianas comuns a mostrar-se resistente aos tratamentos. A situação é particularmente grave nas regiões do Sudeste Asiático e do Mediterrâneo Oriental, onde uma em cada três infeções notificadas eram resistentes.
O relatório destaca que as bactérias Gram-negativas, como a E. coli e a Klebsiella pneumoniae, estão a tornar-se mais perigosas.
Mais de 40% das infeções da corrente sanguínea por E. coli e mais de 55% por K. pneumoniae são agora resistentes às cefalosporinas de terceira geração, o tratamento de primeira linha. A perda de eficácia estende-se a antibióticos essenciais como os carbapenemos e as fluoroquinolonas.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, afirmou que “a resistência antimicrobiana está a ultrapassar os avanços da medicina moderna, ameaçando a saúde das famílias em todo o mundo”. A OMS apela a uma ação concertada, incluindo o reforço dos sistemas de vigilância, o uso responsável de antibióticos, o acesso a diagnósticos de qualidade e a inovação em novos medicamentos e testes rápidos, sublinhando que o futuro depende de uma abordagem integrada que envolva os setores da saúde humana, animal e ambiental.
Em resumoO aumento de 40% na resistência aos antibióticos em cinco anos, conforme relatado pela OMS, constitui uma crise de saúde global que ameaça a eficácia da medicina moderna. A crescente resistência de bactérias comuns a tratamentos de primeira linha exige uma ação internacional urgente, focada na vigilância, no uso responsável de medicamentos e na inovação para evitar um retrocesso na capacidade de tratar infeções.