Um relatório recente do Tribunal de Contas Europeu identificou 136 medicamentos críticos em rutura, um fenómeno transversal a quase todos os Estados-membros.
Em França, a falta de fármacos como o paracetamol e antidepressivos como a sertralina e a venlafaxina levou a que psiquiatras denunciassem a situação numa carta aberta. Em Espanha, o cenário repete-se, com os antidepressivos a liderarem as falhas de stock.
A situação é ainda mais grave em países do Leste, como a Bulgária, onde a exportação paralela agrava a escassez endémica.
As causas são estruturais: a concentração da produção de princípios ativos na Ásia e políticas de compra centradas no preço tornaram o continente vulnerável. Em Portugal, a dificuldade de acesso a medicamentos específicos, como o paracetamol de um grama sem receita médica, reflete as regulações e a pressão sobre o sistema.
Como resposta à crise, o Infarmed anunciou a proibição temporária da exportação de 39 medicamentos, incluindo tratamentos para cancro, Alzheimer, doenças autoimunes e vacinas, para assegurar o abastecimento do mercado nacional. Esta medida de emergência espelha a gravidade de um problema que, segundo os especialistas, exige uma resposta coordenada a nível europeu para garantir a autonomia estratégica do continente.













