No entanto, a epidemia de 2024/2025, coincidente com temperaturas extremas, resultou num excesso de 1.609 mortes, sublinhando a importância da campanha de vacinação sazonal em curso. Os dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) colocam Portugal numa posição de destaque na vacinação contra a gripe, apenas atrás da Dinamarca (76%) e da Irlanda (75%), e próximo da meta europeia de 75%. A campanha atual reflete esta adesão, com mais de 1,2 milhões de doses já administradas.

Contudo, este sucesso contrasta com o impacto severo da última época gripal.

O relatório do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) revela que, entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, Portugal registou um excesso de 1.609 óbitos, afetando sobretudo mulheres e pessoas com mais de 85 anos. Este período coincidiu com uma epidemia de gripe descrita como um “período epidémico longo” e com temperaturas extremas, fatores que agravaram a mortalidade. Durante essa época, os hospitais reportaram 125 casos de gripe que necessitaram de internamento em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI), sendo que 86,4% desses doentes tinham doenças crónicas subjacentes.

A situação evidencia uma dupla realidade: uma elevada cobertura vacinal é fundamental, mas não elimina totalmente os riscos, especialmente para os grupos mais vulneráveis e perante fatores externos como o clima.

A campanha em curso, que decorre até abril de 2026, é, por isso, vista como crucial para mitigar o impacto da próxima época sazonal.