A escassez destes dispositivos essenciais transformou a sua aquisição numa "espécie de ação clandestina", com doentes a percorrerem mais de 100 quilómetros na esperança de encontrar uma farmácia com stock. O desespero é tal que há relatos de utentes que se sacrificam em função de familiares, cedendo os seus próprios sensores. Esta crise não se deve apenas a uma falha logística do laboratório farmacêutico em repor os stocks, mas também a um problema de regulação e controlo.

O Infarmed admitiu a existência de uma "procura fora das indicações médicas", um eufemismo para uma situação alarmante que inclui a prescrição destes aparelhos por médicos veterinários. Esta revelação aponta para uma falha sistémica grave no controlo de prescrições de dispositivos médicos comparticipados, permitindo que a procura seja desviada de quem realmente necessita. A combinação da oferta insuficiente com uma procura desregulada está a colocar em risco a gestão diária da doença para dezenas de milhares de diabéticos, que dependem desta tecnologia para monitorizar os seus níveis de glicose e evitar complicações graves.