Esta tendência, embora minoritária, suscita preocupações sobre a manutenção da imunidade de grupo e desafia os estereótipos sobre a hesitação vacinal.

As notícias, baseadas num estudo europeu, traçam um retrato detalhado dos pais que optam por não vacinar os seus filhos em Portugal.

Contrariamente à perceção de que a hesitação vacinal deriva da falta de informação, o estudo conclui que este grupo pertence maioritariamente a uma faixa da população "muito escolarizada", com elevado poder económico, e é descrito como um "fenómeno circunscrito a uma classe média-alta e alta".

Estes pais consideram-se "os peritos da saúde dos filhos", demonstrando um grande afastamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS), ao qual recorrem apenas em casos de urgência. A sua abordagem à saúde infantil pauta-se pela preferência por medicinas alternativas e pela rejeição do que designam como o "processo de medicalização da infância".

Esta desconfiança na medicina convencional leva-os a procurar médicos alinhados com as suas crenças.

A análise deste fenómeno é crucial, pois, como alertam os investigadores, a hesitação vacinal, ainda que minoritária, "pode comprometer significativamente a imunidade populacional".

A divulgação deste perfil ajuda a compreender as motivações por detrás da recusa vacinal, que parecem radicar mais numa filosofia de vida e numa desconfiança nas instituições do que na falta de acesso à educação.

O desafio para as autoridades de saúde pública passa, assim, por comunicar eficazmente com este segmento da população, abordando as suas preocupações específicas e reafirmando a segurança e importância das vacinas para a saúde individual e coletiva.