A medida parece contradizer os objetivos declarados de aumento da atividade assistencial e as próprias afirmações da Ministra da Saúde.

Diversos artigos noticiam que a nota explicativa do Orçamento do Estado detalha uma redução substancial na aquisição de bens e serviços, incluindo um corte de 208 milhões de euros em medicamentos. Esta previsão orçamental é recebida com ceticismo por especialistas, que questionam a sua compatibilidade com as metas do governo para o setor, como o aumento do número de utentes com médico de família, bem como a realização de mais cirurgias e consultas.

A aparente contradição adensa-se quando se contrapõem estes dados com as declarações públicas da Ministra da Saúde, Ana Paula Martins.

Num dos artigos, é referido que a ministra "nega cortes nos medicamentos", focando o discurso na necessidade de gerar eficiência e poupar em áreas como a contratação de tarefeiros.

Noutra ocasião, a própria ministra reconhece que a redução orçamental transmite uma "mensagem muito exigente" aos gestores do SNS. Esta dualidade entre os documentos técnicos do orçamento e o discurso político cria um clima de incerteza sobre o futuro do financiamento do SNS.

A questão central que emerge é se o governo conseguirá, de facto, implementar estes cortes sem comprometer a qualidade e o acesso aos cuidados de saúde, ou se a aposta na "eficiência" será suficiente para compensar a redução da despesa direta com fármacos e material clínico.