O protesto surge em resposta a um novo diploma do Governo que visa reduzir o valor pago por hora a estes profissionais, gerando um clima de grande tensão no setor da saúde. Um grupo de mais de mil médicos prestadores de serviços, conhecidos como tarefeiros, está a organizar uma paralisação de pelo menos três dias, que deverá avançar assim que o Governo publicar o diploma com as novas regras remuneratórias. Estes profissionais, essenciais para o funcionamento de muitas urgências hospitalares, especialmente em regiões com carência crónica de médicos do SNS como o Algarve, sentem-se "ostracizados" e "excluídos das decisões". O movimento, com membros em quase todos os hospitais do país, ameaça não dar ou retirar disponibilidades para turnos, uma ação que, segundo Xavier Barreto, da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, fará “mossa” e pode “encerrar alguns serviços de urgência”. O Governo, através do ministro da Presidência, Leitão Amaro, mantém a sua posição, afirmando que não recuará na intenção de impor regras e apelando aos médicos que “mantenham o espírito de serviço”.

A situação gera preocupação entre as administrações hospitalares, que pedem prudência e diálogo para evitar consequências graves.

O bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, invocou "sérias dúvidas" deontológicas sobre o protesto, alertando os colegas para os seus deveres éticos e lembrando que a prioridade é o doente. A dependência do SNS destes profissionais é tal que um comentador na SIC Notícias afirmou: "Se retirarmos os médicos tarefeiros dos hospitais, o sistema vai colapsar em dois ou três dias".