O deputado comunista Alfredo Maia justificou a proposta com a necessidade de “repor um direito que já esteve consagrado na lei” e de garantir o descanso a trabalhadores “submetidos a ritmos e a intensidades da exploração do seu trabalho”. Esta iniciativa insere-se numa estratégia mais vasta de afirmação política do PCP. O secretário-geral, Paulo Raimundo, num discurso em Cascais, dirigiu duras críticas ao PS, acusando o partido de estar “ciumento com o casamento entre o PSD, o CDS, a IL e o Chega”. Segundo Raimundo, o que seria necessário era um PS que se opusesse à política do Governo, mas, em vez disso, “o PS quer ser a noiva desta política”. Esta retórica visa posicionar o PCP como a única oposição consequente à esquerda, num momento em que o PS, sob a liderança de José Luís Carneiro, procura um reposicionamento. Ao mesmo tempo, o candidato presidencial apoiado pelo PCP, António Filipe, criticou as propostas de reforma laboral do Governo, afirmando que fazem lembrar os tempos da “troika de má memória”. Com estas ações, o PCP tenta recuperar espaço político, pressionando o PS e apresentando-se como a alternativa mais sólida aos trabalhadores.
