A reunião, solicitada por José Luís Carneiro, foi um momento crucial para definir as dinâmicas de poder no atual quadro parlamentar.
O líder socialista procurou afirmar o PS como o principal interlocutor do Governo, numa tentativa de contrariar a crescente dependência do executivo da AD em relação ao Chega para a aprovação de legislação.
A sua declaração à saída do encontro foi inequívoca: “Se quer diálogo com o PS, é com o PS que deve dialogar”.
Esta afirmação representa uma linha vermelha, indicando que o PS não aceitará ser parte de negociações triangulares ou ser visto como um parceiro secundário.
O encontro serviu para delimitar os campos de cooperação, focados em “matérias de consenso democrático” como a política externa, defesa e justiça, e as áreas de “oposição firme”, como a habitação e as alterações à legislação laboral.
Sintomaticamente, o Orçamento do Estado não foi discutido, remetendo para setembro as negociações sobre a matéria mais crítica para a sobrevivência do Governo.
A postura de Carneiro sinaliza uma estratégia de oposição responsável, mas demarca o PS como uma alternativa clara, não como um suporte do atual executivo, condicionando a margem de manobra de Montenegro.