Figuras da oposição, como Pedro Nuno Santos e Mariana Mortágua, classificaram o pacto como uma "colossal derrota" e uma "humilhação" para a Europa, apontando para a falta de reciprocidade e a submissão aos interesses da administração Trump.
O acordo, negociado pela Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, tornou-se um ponto de forte clivagem política em Portugal, expondo a vulnerabilidade da posição europeia e nacional no xadrez geopolítico.
O ex-secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, quebrou o seu silêncio político para afirmar que a UE sofreu uma “colossal derrota” e que o pacto prejudica a indústria europeia, criticando o “silêncio subserviente” do Governo português.
A sua análise destacou a assimetria do acordo, onde os produtos europeus enfrentam tarifas de 15% nos EUA, enquanto os americanos entram na Europa com tarifa zero, para além dos compromissos europeus de compra de energia e equipamento militar americano. Na mesma linha, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, declarou ironicamente que “a ‘autonomia europeia’ foi um namoro de verão e acabou antes de agosto”.
Estas reações da esquerda parlamentar contrastam com a postura mais pragmática do Governo português, que, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, saudou o entendimento como um “passo essencial para a previsibilidade e estabilidade”.
Este debate reflete a tensão entre a realpolitik da negociação internacional e a defesa da soberania económica europeia, um tema que promete marcar a agenda política nos próximos meses.