André Ventura tem-se posicionado como um aliado indispensável para o Governo minoritário, reclamando um papel central nas principais decisões.

A Lei dos Estrangeiros, por exemplo, foi aprovada com os votos favoráveis de PSD, Chega e CDS-PP, num claro alinhamento à direita que mereceu o veto presidencial após o chumbo do Tribunal Constitucional. O PS, através de José Luís Carneiro, criticou esta aliança, afirmando que o Governo optou por “uma via radical, de extrema-direita, desumana”.

Perante o chumbo, o Governo vê-se agora na necessidade de renegociar, com o PS a oferecer-se como parceiro para isolar o Chega, e Ventura a pressionar para que não haja recuos na linha dura. Na reforma laboral, a dinâmica repete-se: o Chega desafiou o PSD para uma “proposta conjunta” que dispense o apoio do PS, estabelecendo, no entanto, “linhas vermelhas” em temas como a amamentação e o luto gestacional, nos quais se opõe ao Governo.

Esta relação de dependência e negociação constante é vista com desconforto pelo Presidente da República, que, segundo analistas, prefere entendimentos de bloco central com o PS.

A estratégia do Chega estende-se ao poder local, com o partido a candidatar 59 dos seus 60 deputados às autárquicas para solidificar a sua influência no território.