Esta divergência evidencia diferentes abordagens sobre o papel da oposição e a forma de escrutinar o Governo em tempos de crise nacional. O Chega e o PCP adotaram uma postura de confronto direto, exigindo a presença do Primeiro-Ministro e da Ministra da Administração Interna na Assembleia da República para explicações imediatas sobre as falhas na coordenação do combate aos fogos.

Em contraste, o Secretário-Geral do PS, José Luís Carneiro, anunciou que o seu partido votaria contra os pedidos de debate, justificando a decisão com a recusa em fazer “chicana política” num momento crítico. Carneiro argumentou que o PS não replicaria a postura que acusa Luís Montenegro de ter tido com o anterior governo socialista em situações semelhantes. Em vez do debate, o líder socialista propôs a convocação da Comissão Nacional de Proteção Civil e exigiu que o Governo decretasse a situação de calamidade para agilizar os apoios.

Esta diferenciação estratégica posiciona o PS num campo mais institucional, procurando demarcar-se da oposição mais à direita e à esquerda, que optaram por uma pressão parlamentar mais imediata e incisiva. A divisão fragiliza uma frente unida da oposição, mas permite ao PS construir uma imagem de maior responsabilidade institucional, num cálculo político que visa o longo prazo.