Esta estratégia de "pôr a carne (quase) toda no assador" visa consolidar a sua implantação local e provar que é mais do que um "one man show".
A mobilização massiva de 57 dos seus 60 deputados para a corrida autárquica de 12 de outubro representa uma aposta de alto risco para o partido de André Ventura.
O objetivo é claro: traduzir o sucesso legislativo, onde se tornou a segunda força política, em poder executivo local, algo que não conseguiu há quatro anos, quando elegeu apenas 19 vereadores.
A estratégia contrasta fortemente com a das eleições europeias, onde o partido obteve metade dos votos das legislativas, reforçando a perceção de que a sua força está excessivamente centrada na figura do líder.
Para contrariar esta imagem, o Chega utiliza agora os seus deputados como "caras um pouco mais conhecidas" para solidificar a sua base de apoio popular, como defende o candidato a Leiria, Gabriel Mithá Ribeiro.
Figuras proeminentes como Rita Matias em Sintra, Pedro Frazão em Oeiras e o líder parlamentar Pedro Pinto em Faro encabeçam listas em municípios estratégicos, demonstrando a ambição de conquistar câmaras importantes.
Esta abordagem difere radicalmente da do PS, que, por indicação do anterior secretário-geral Pedro Nuno Santos, optou por não incluir candidatos a autarcas nas listas para as legislativas, resultando na ausência de deputados socialistas na corrida municipal. O PSD, por sua vez, adota uma abordagem mais contida, candidatando apenas sete deputados, incluindo o ministro Paulo Rangel para a Assembleia Municipal de Gaia, evidenciando a centralidade destas eleições para a afirmação do poder governamental.
A tática do Chega será, assim, um teste crucial à sua capacidade de se transformar numa força política com implantação territorial e poder executivo real.














