O Parlamento aprovou por unanimidade o levantamento da imunidade parlamentar do deputado do Chega, João Tilly, para que este seja constituído arguido e interrogado num processo que investiga suspeitas de financiamento partidário proibido, colocando o partido de André Ventura perante um teste significativo ao seu discurso anticorrupção. O caso remonta a 2021, antes de Tilly ser eleito deputado, e envolve uma alegada angariação de fundos para o partido através de um vídeo no YouTube, no qual terá disponibilizado uma conta bancária da sua filha para donativos. O deputado confirmou a existência de uma transferência de 150 euros, mas alegou que o dinheiro se destinava ao seu canal pessoal e “não tem nada a ver com o partido”.
A reação do líder do Chega, André Ventura, foi cautelosa mas firme.
Embora tenha procurado distanciar o partido do caso, sublinhando que este é de “natureza pessoal” e anterior ao mandato de Tilly, Ventura admitiu a possibilidade de sanções internas.
“Para mim as regras são sempre iguais, o deputado vai ser ouvido [...] Caso se chegue a essa conclusão, haverá consequências.
Nós somos sempre muito claros e muito lineares nisso, seja quem for e seja que deputado for”, afirmou.
Esta posição sinaliza a pressão interna para manter a coerência com a bandeira anti-sistema e anti-corrupção do Chega, num momento em que um dos seus próprios deputados está sob investigação. O desenvolvimento do processo judicial e as decisões internas do partido serão cruciais para a credibilidade e a dinâmica de poder dentro do Chega.
Em resumoO caso de João Tilly representa um desafio direto à imagem do Chega. O levantamento da sua imunidade parlamentar por suspeitas de financiamento ilegal e a promessa de André Ventura de aplicar “consequências” caso se confirmem as suspeitas, evidenciam a tensão entre o discurso público do partido e as suas práticas internas, com potencial para redefinir equilíbrios de poder e influência.