Esta tendência, visível em diversos concelhos, sinaliza uma mudança na dinâmica de poder, onde a figura do candidato se sobrepõe frequentemente à sigla partidária.

Em Armamar, o enfermeiro Rui Dionísio, que liderou a Assembleia Municipal eleito pela coligação PSD/CDS-PP, concorre agora como independente com o apoio do PS, procurando dar um “novo rumo” ao concelho. Em Tondela, o presidente da Junta de Freguesia de Lajeosa do Dão, Fernando Figueiredo, eleito pelo PSD, é agora o candidato do CDS-PP à presidência da Câmara, justificando a mudança com o incumprimento de promessas por parte da atual presidente do PSD. Um artigo de opinião no jornal “Autarquias e a morte da política” analisa este fenómeno, apontando que “gente salta de partido em partido ou criando um dos famigerados ‘movimentos independentes’ para gerir um município”. O autor critica a ausência de projetos politicamente diferenciados, transformando as eleições numa “espécie de escolha do administrador de condomínio”.

Esta mudança de paradigma reflete um eleitorado que, segundo um barómetro da Fundação Francisco Manuel dos Santos, valoriza mais o candidato (60%) do que o partido, com muitos a admitir votar noutro partido se considerarem o candidato melhor.