As declarações de Pedro Duarte, candidato da coligação PSD/IL/CDS-PP à Câmara do Porto, e as preocupações manifestadas por bispos lusófonos ilustram este choque de perspetivas. Num discurso de campanha, Pedro Duarte adotou uma linha dura, afirmando que os imigrantes que chegam ao Porto devem adaptar-se ao modo de vida local. "Não pensem que vêm para o Porto à espera que nós nos adaptemos ao seu modo de vida. Não.
Quem quiser vir para o Porto tem de se adaptar ao nosso modo de vida, aos nossos valores, aos nossos princípios", declarou, criticando o que descreveu como "políticas de portas escancaradas para a imigração, sem nenhum controlo nem rigor". Em contraponto, os participantes no XVI Encontro de Bispos dos Países Lusófonos, reunidos em Lisboa, alertaram para propostas legislativas contrárias aos princípios de "acolhimento" e "integração".
D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), criticou a manipulação do tema e questionou os discursos que apresentam os imigrantes como "responsáveis pelos males" de um país que "não poderia viver sem eles". O líder da CEP considerou "nocivo, mau e desumano" dificultar o reagrupamento familiar e manifestou dificuldade em entender como pessoas que se assumem como católicas podem ter "discursos racistas e de exclusão".
Este confronto de visões evidencia a crescente politização do tema da imigração, colocando em oposição a segurança e a identidade cultural contra os princípios de dignidade humana e solidariedade.














