A decisão mantém o rumo traçado pelo Governo para a reprivatização da companhia aérea, num debate que expôs a profunda divisão ideológica sobre o papel do Estado na economia.
A tentativa de PCP e Livre de travar a privatização parcial da TAP foi rejeitada na Assembleia da República, com os votos contra de PSD, CDS-PP, Chega e IL.
A abstenção do PS e do JPP foi crucial para o desfecho, enquanto apenas os proponentes e o PAN votaram a favor da revogação do decreto-lei do Governo.
O debate parlamentar evidenciou a clássica fratura entre esquerda e direita sobre a gestão de ativos estratégicos.
O ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, defendeu a necessidade de a companhia aérea encontrar um "grande parceiro" para ganhar robustez, garantindo que o processo será transparente e que o parlamento terá a "palavra absoluta de escrutínio".
O deputado do PSD, Gonçalo Lage, acusou a esquerda de querer reverter a privatização por uma "questão dogmática e ideológica", uma visão partilhada por Paulo Núncio do CDS-PP, que falou em "cegueira ideológica". Do lado do Chega, Filipe Melo impôs condições para um eventual apoio futuro, exigindo a manutenção do 'hub' de Lisboa, a continuidade dos voos para a diáspora e a preservação da identidade nacional da companhia. À esquerda, o PCP, pela voz de Paulo Raimundo, alertou que travar a privatização é a "única condição" para salvaguardar os interesses nacionais, enquanto o socialista Frederico Francisco questionou como o Governo garantiria o interesse estratégico do Estado se a venda viesse a ser total, lembrando que os cadernos de encargos "têm sempre um prazo de validade".














