A medida alinha Portugal com uma crescente vaga de países europeus, gerando um debate intenso sobre a sua oportunidade e implicações geopolíticas.

A decisão, formalizada pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, foi imediatamente secundada pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que lhe manifestou o seu “pleno apoio”, enquadrando-a na “posição portuguesa, que é defender a moderação para que essa fórmula [de dois Estados] seja possível”.

No entanto, a harmonia no seio do executivo foi quebrada pela posição do CDS-PP, parceiro de coligação do PSD. Num comunicado, os centristas consideraram que o reconhecimento “não é oportuno, nem consequente”, defendendo que tal passo só deveria ocorrer “no quadro de um processo institucional de paz” e garantindo que a matéria não constava do acordo de coligação.

Esta divergência interna na Aliança Democrática revela uma tensão significativa em matéria de política externa.

A esquerda parlamentar, incluindo o Bloco de Esquerda e o Livre, saudou a decisão, embora a considere tardia.

O BE foi mais longe, exigindo sanções a Israel e um embargo total à venda de armas.

A juntar à complexidade do cenário, uma análise sugere que a decisão do Governo poderá ser uma “operação de charme” para obter o apoio de países árabes à candidatura de Portugal a membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU para o biénio 2027-2028, indicando que as condições previamente estabelecidas por Portugal para o reconhecimento não estariam ainda cumpridas.