A medida alinha Portugal com uma iniciativa diplomática europeia, mas expõe fissuras na coligação governamental.
A decisão, formalizada pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, em Nova Iorque, foi descrita como um passo "a favor da paz" e não "contra Israel", e recebeu o "pleno apoio" do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Para o Chefe de Estado, que discursou na ONU, a decisão foi tomada no momento certo, pois “amanhã teria sido tarde de mais”. O reconhecimento insere-se numa ação concertada com outros países, incluindo França, Reino Unido e Canadá, que visa reforçar a solução de dois Estados como única via para uma paz duradoura no Médio Oriente.
A medida foi amplamente saudada pelos partidos de esquerda. O PS, através de Francisco Assis, considerou que a decisão reflete o “sentir maioritário do povo português”, enquanto o PCP e o Bloco de Esquerda, embora aplaudindo, a consideraram “tardia”.
Contudo, a decisão abriu uma clara fratura na coligação governamental da Aliança Democrática (AD).
O CDS-PP demarcou-se publicamente, emitindo um comunicado onde classifica o reconhecimento como “não oportuno, nem consequente”, argumentando que não estão preenchidos os critérios de direito internacional.
Esta divergência, embora não colocando em causa a “solidariedade governamental”, como frisou Nuno Melo, evidencia tensões significativas dentro do Governo.
O Chega manteve uma posição ambígua, com André Ventura a exigir primeiro a libertação dos reféns e o fim do terrorismo antes de qualquer reconhecimento.














