A iniciativa, anunciada por André Ventura e posteriormente confirmada pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, estabelece um canal de negociação formal entre o partido do Governo e a terceira força parlamentar.

O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, defendeu a naturalidade das conversações, argumentando que "é o mais natural, que também estejamos a conversar, com o partido Chega, porque foi o partido que viabilizou esta matéria connosco na primeira votação".

Esta cooperação surge num contexto de necessidade mútua: o Governo minoritário precisa de apoio para aprovar legislação estruturante, enquanto o Chega procura afirmar a sua influência e condicionar as políticas governamentais.

A reação da oposição foi imediata e contundente.

A líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, classificou a cooperação como um "conluio claro com o Chega a propósito destas matérias", manifestando apreensão com a cedência do Governo à agenda da extrema-direita.

Por sua vez, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, criticou o que considera ser uma "negociata" e uma "ideia reacionária".

O PS, embora admita viabilizar o diploma para evitar que o tema domine a campanha autárquica, criticou a exclusão do diálogo inicial.

Este desenvolvimento não só define o futuro da legislação sobre imigração, mas também serve de barómetro para futuras alianças, nomeadamente na negociação do Orçamento do Estado para 2026, onde a estabilidade governativa estará novamente em jogo.