As negociações antecipam-se complexas, refletindo a ausência de uma maioria absoluta e a necessidade de compromissos para garantir a estabilidade governativa. O Governo de Luís Montenegro pretende que o documento seja marcado pela redução do IRS e do IRC, mantendo a trajetória de contas certas com uma previsão de excedente. No entanto, o Orçamento parte com um impacto de despesa de quase 4,5 mil milhões de euros devido a medidas já aprovadas, como a redução do IRC e aumentos salariais na função pública e pensões. O PS, principal partido da oposição, posiciona-se como um fator de estabilidade, mas impõe condições. José Luís Carneiro afirmou que o seu partido não viabilizará um Orçamento que inclua alterações às leis laborais que considera prejudiciais, à Lei de Bases da Saúde ou que abra a porta à privatização da Segurança Social. “São condições que colocamos ao primeiro-ministro”, declarou, indicando que, se forem cumpridas, o PS olhará para a proposta “com uma atitude construtiva”.

Por outro lado, o PCP, através de Paulo Raimundo, já anunciou o voto contra, considerando que a discussão é “um circo” e que o documento será “um instrumento ao serviço da política em curso” de desmantelamento dos serviços públicos.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou confiança na aprovação do Orçamento, considerando-a “fundamental” para confirmar a estabilidade económica do país num “ano muito sensível”.