A nova legislação surge após a versão anterior ter sido chumbada pelo Tribunal Constitucional, o que obrigou o Governo a renegociar o diploma.

As negociações decorreram até à madrugada do dia da votação, com o Chega a colocar como condição inicial a limitação do acesso a apoios sociais por parte de imigrantes a um período de cinco anos de descontos, uma "linha vermelha" que acabou por ser retirada do texto final, ficando o compromisso de discutir o tema num diploma autónomo. Ainda assim, o acordo implicou cedências de parte a parte.

O Governo aceitou propostas do Chega que endurecem as regras para o reagrupamento familiar, nomeadamente no que toca aos prazos de coabitação prévia.

O PS, que negociou com o Governo até ao último momento e viu uma das suas propostas sobre acordos bilaterais ser aprovada, votou contra a versão final, acusando o executivo de "oportunismo político" ao agendar o tema em plena campanha autárquica.

O secretário-geral do PSD, Hugo Soares, defendeu que o Governo está "no centro da moderação" e criticou o PS por "negar a realidade" da imigração.

Por sua vez, o líder do PCP, Paulo Raimundo, considerou que a lei mantém "a bandalheira para quem tem muito dinheiro", que continua com a "porta aberta para fazer a especulação que quiser".

A aprovação desta lei demonstrou a capacidade da AD em formar uma maioria parlamentar à direita com o Chega em matérias fraturantes, marginalizando o PS e a esquerda, o que representa uma alteração notória na dinâmica de poder estabelecida após as últimas eleições legislativas.