O Parlamento chumbou as propostas apresentadas pelo Bloco de Esquerda, PAN e JPP para a criação de comissões parlamentares de inquérito aos incêndios florestais deste verão, numa votação em que PSD, PS e CDS-PP uniram forças. No entanto, o Chega, que se absteve, anunciou que irá usar o seu direito potestativo para forçar a constituição de uma comissão de inquérito, alterando o equilíbrio de poder na fiscalização da ação governativa. A decisão de PSD e PS de rejeitar as propostas dos partidos mais pequenos foi justificada com o argumento de que já foi aprovada a criação de uma comissão técnica independente, por iniciativa socialista, para analisar os fogos. O deputado do PSD, Amílcar Almeida, acusou os proponentes de "instrumentalização de uma tragédia para dar palco político".
Do lado do PS, André Rijo considerou que o objeto das propostas já estava coberto.
Contudo, esta aliança entre os dois maiores partidos para controlar a agenda parlamentar foi contornada pelo Chega.
O partido de André Ventura, que acusou PS e PSD de quererem "encobrir os beneficiários do negócio do fogo", confirmou que avançará com o seu próprio inquérito, um direito que a lei confere aos partidos com um determinado número de deputados. Esta manobra demonstra a capacidade do Chega de impor a sua agenda e de contornar os bloqueios dos partidos tradicionais, utilizando os mecanismos regimentais para se posicionar como a principal força de oposição e fiscalização, mesmo quando as suas propostas iniciais não reúnem apoio maioritário.
Em resumoA rejeição das comissões de inquérito aos incêndios pelo PS e PSD foi contornada pelo Chega, que, ao usar o seu direito potestativo, demonstrou a sua crescente influência e capacidade de ditar a agenda parlamentar, forçando uma investigação política que os maiores partidos tentaram evitar.