Esta transição de liderança numa das mais importantes instituições do Estado marca uma mudança significativa na supervisão financeira e na política monetária do país. A designação do antigo ministro da Economia do governo de Pedro Passos Coelho foi oficializada em Conselho de Ministros, com a tomada de posse agendada para 6 de outubro. A escolha, proposta pelo ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, foi antecedida por uma audição parlamentar na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP).

Durante esta audição, as declarações de Santos Pereira sobre a participação política dos funcionários do banco central geraram controvérsia. O indigitado governador afirmou que “quem está a trabalhar no Banco de Portugal não deve estar envolvido em política ativa”, palavras que levaram o Partido Socialista a abster-se na votação do parecer parlamentar, apesar de este não ser vinculativo.

Os partidos da direita — PSD, CDS-PP, Chega e IL — votaram a favor.

A polémica suscitou um debate sobre os limites aos direitos, liberdades e garantias dos funcionários de uma instituição que se quer independente. O seu antecessor, Mário Centeno, que também foi ministro das Finanças de um governo do PS, confirmou que permanecerá nos quadros do BdP, onde tem uma carreira de 35 anos. A nomeação de Santos Pereira, que era economista-chefe na OCDE, representa uma escolha do atual governo para uma posição de elevada influência, assinalando uma nova orientação para o banco central.