O incidente, ocorrido a 22 de abril, revelou falhas de comunicação no seio do Governo e motivou pedidos de demissão e audições parlamentares por parte da oposição.

Inicialmente, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), tutelado por Paulo Rangel, negou a ocorrência, mas posteriormente corrigiu a informação, admitindo uma “falha de procedimento”.

Segundo o MNE, a operação teve “comunicação e autorização tácita”, com parecer favorável da Autoridade Aeronáutica Nacional, dependente do Ministério da Defesa.

A falha, segundo o Governo, ocorreu a nível interno no MNE, não tendo a informação chegado a tempo ao ministro.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, lamentou o que classificou como um “erro processual”, recusando quaisquer demissões e desvalorizando as “reações tão radicalizadas” da oposição, que atribuiu ao contexto de campanha autárquica. O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, reforçou esta tese, afirmando que “houve uma falha que ocorreu a nível dos serviços”.

A oposição reagiu de forma contundente. O Bloco de Esquerda e o Livre exigiram a demissão do ministro da Defesa, Nuno Melo, com a dirigente bloquista Joana Mortágua a acusá-lo de ter uma “lealdade e obediência ao Governo de Israel e não ao Governo português”. O PS e o PCP solicitaram audições parlamentares urgentes com os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa para prestarem esclarecimentos sobre o caso, que levanta questões sobre a soberania nacional e a posição de Portugal no conflito do Médio Oriente.