O caso, que envolveu vigilância e devassa da vida privada do magistrado, é visto por diversas personalidades como um atentado à independência judicial. A investigação, noticiada pela CNN Portugal, terá tido início perto da altura em que o juiz proferiu a decisão instrutória da Operação Marquês, que contrariou grande parte da acusação do MP.

O inquérito, que visava suspeitas de corrupção, peculato e branqueamento de capitais, incluiu escutas, vigilância pela Polícia Judiciária e levantamento do sigilo bancário de Ivo Rosa.

O processo foi arquivado por “inconsistência da denúncia”, mas a sua existência e os métodos utilizados suscitaram fortes reações.

O advogado Garcia Pereira, em carta aberta, classificou a atuação do MP como um “verdadeiro atentado ao Estado de Direito Democrático” e um “intolerável abuso de poderes”. O “Manifesto dos 50”, um grupo de personalidades de várias áreas, pediu esclarecimentos à Procuradoria-Geral da República, falando numa “tentativa de perseguição penal”.

O antigo primeiro-ministro José Sócrates, principal arguido na Operação Marquês, afirmou que a notícia lhe provoca um “esgar de repugnância”.

A Associação Sindical dos Juízes Portugueses também expressou preocupação e defendeu que o caso deve ser esclarecido.

A ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, recusou comentar o caso concreto, mas afirmou esperar “moderação e proporcionalidade nos meios que são utilizados em qualquer investigação”.