A tradicional cerimónia na Praça do Município, em Lisboa, foi encurtada e despojada dos habituais discursos políticos para evitar qualquer interferência na campanha para as eleições autárquicas.

A decisão, justificada pela proximidade do ato eleitoral de 12 de outubro, levou a que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o Presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, abdicassem das suas intervenções. Em substituição, a Presidência da República divulgou uma nota escrita na qual Marcelo Rebelo de Sousa afirma que, embora “a República e a Democracia estão hoje bem vivas em Portugal”, é preciso “renovar o nosso compromisso com os seus ideais e os seus valores”. Esta adaptação do formato da cerimónia, que já ocorrera em 2019 por motivo semelhante, representa uma alteração significativa na forma como o poder político lida com o calendário institucional. Demonstra que a manutenção de uma estrita neutralidade em período de campanha se sobrepõe à tradição dos discursos protocolares do Chefe de Estado, refletindo uma mudança na dinâmica de poder onde o calendário eleitoral dita as regras, mesmo para as mais altas figuras do Estado.