O líder do Chega, André Ventura, é alvo de uma queixa-crime por "difamação agravada", "discriminação" e "incitamento ao ódio", apresentada por Clóvis Abreu. A ação judicial surge na sequência de declarações de Ventura que responsabilizavam Abreu pela morte do agente da PSP Fábio Guerra, apesar de este ter sido absolvido do crime de homicídio pelos tribunais superiores. A defesa de Clóvis Abreu, que cumpre uma pena de seis anos por outros crimes relacionados com a mesma ocorrência, considera "inadmissível" que uma figura de Estado como André Ventura tenha "um discurso mentiroso, xenófobo, discriminatório, terceiro-mundista e inaceitável num Estado de Direito Democrático". A queixa baseia-se num vídeo partilhado por Ventura na rede social TikTok, onde criticou a absolvição de Clóvis Abreu, referindo-se a ele como "um cigano, Clóvis, que depois de assassinar um polícia à pancada em Lisboa ainda fugiu". Os advogados de Abreu pedem que Ventura seja "responsabilizado e sancionado criminalmente" por um ataque "pessoal, calunioso e infundado" a si e à sua etnia.
Em reação, o líder do Chega classificou o processo como um "escândalo" que "envergonha a justiça e a democracia", afirmando: "É uma inversão completa das coisas.
O bandido mete em tribunal o líder político que se insurgiu contra os seus atos bárbaros".
O caso coloca em confronto a liberdade de expressão de um líder político e os limites da difamação e do discurso de ódio, especialmente quando dirigido a um indivíduo e a uma minoria étnica, num contexto judicialmente complexo e de grande mediatismo.
Em resumoA queixa-crime de Clóvis Abreu contra André Ventura eleva a tensão entre o líder do Chega e o sistema judicial. O caso testa os limites da crítica política e do discurso público, opondo o direito à honra e a não-discriminação à liberdade de expressão de um dirigente partidário sobre uma decisão judicial polémica.