Esta manobra política enquadra-se na estratégia de "abstenção exigente" dos socialistas, marcando uma clara linha de demarcação programática face ao executivo da Aliança Democrática (AD). No encerramento das Jornadas Parlamentares do PS, o secretário-geral, José Luís Carneiro, denunciou a existência de um "gato escondido com o rabo de fora" nas contas do Governo, que estimou em cerca de mil milhões de euros.
Segundo Carneiro, existe uma "falha sistemática" na previsão do saldo da Segurança Social, que consistentemente se revela superior ao orçamentado.
A proposta do PS consiste em utilizar essa diferença, "até ao limite dos 400 milhões de euros", para transformar em permanente o suplemento extraordinário atribuído este ano às pensões mais baixas.
Esta medida, no entanto, é condicional: só avançará se o saldo executado da Segurança Social for superior ao previsto no OE2026.
O PS avança ainda com outras propostas condicionais, como a redução do IVA sobre bens alimentares, financiada por um eventual excedente na receita do Imposto sobre os Produtos Petrolíferos (ISP).
Esta abordagem permite ao PS viabilizar o orçamento, garantindo estabilidade, ao mesmo tempo que pressiona o Governo e demarca a sua agenda social, forçando o executivo a gerir as suas próprias previsões orçamentais sob o escrutínio da oposição.














