A iniciativa gerou um intenso debate político, expondo divisões sobre liberdade religiosa, segurança e direitos das mulheres. O projeto de lei, que invoca "os direitos das mulheres e questões de segurança", avançou no parlamento apesar dos votos contra da esquerda (PS, BE, PCP) e da abstenção do PAN.
A aprovação na generalidade pela maioria de direita reflete um alinhamento em temas fraturantes, embora com nuances.
O candidato presidencial Marques Mendes, embora se declarando "redondamente contra" o uso da 'burca', que considera "a maior forma de humilhação das mulheres", fez questão de se afastar de quem usa a legislação para "criticar ou humilhar os imigrantes". Por outro lado, a iniciativa foi criticada por investigadores como Paulo Mendes Pinto, que considera que a lei não pretende resolver um problema real — dado o número "ínfimo" de mulheres que usam 'burca' em Portugal — mas sim criar um "estigma contra a comunidade muçulmana" e cavalgar uma "onda de islamofobia". A historiadora Raquel Varela convocou manifestações em Lisboa, Porto e Braga com o mote "Não nos Atirem Burcas para os Olhos", contestando tanto o uso obrigatório como a proibição, defendendo que ambas representam formas de controlo sobre as mulheres, e procurando desviar o foco para problemas sociais como habitação e emprego. O debate expõe a complexidade de legislar sobre símbolos religiosos num Estado laico, com a direita a priorizar argumentos de segurança e dignidade feminina, enquanto a esquerda alerta para os riscos de discriminação e estigmatização.














