Esta decisão estratégica define o atual xadrez político, permitindo a governação de um executivo minoritário da Aliança Democrática (AD), mas gerando fortes críticas dos restantes partidos de esquerda.\n\nO primeiro-ministro, Luís Montenegro, procurou delimitar o alcance deste apoio, afirmando que “a viabilização do OE não torna os partidos que o fazem corresponsáveis pela governação, quando muito torna-os responsáveis pela estabilidade política que prometeram aos portugueses”. Esta posição visa gerir as expectativas e manter a autonomia do seu executivo, ao mesmo tempo que reconhece a importância da abstenção socialista para a estabilidade. A decisão do PS, justificada pelo seu secretário-geral, José Luís Carneiro, como uma “abstenção exigente” em nome da estabilidade, foi duramente criticada pelo Bloco de Esquerda (BE), PCP e Iniciativa Liberal (IL), que anunciaram o seu voto contra.

O BE e o PCP acusaram os socialistas de “se esquecerem dos portugueses” e de passarem um “cheque” a um governo de direita.

A Iniciativa Liberal, por sua vez, classificou o orçamento como “pouco ambicioso” e “ganancioso para o Estado”, demarcando-se claramente da estratégia do Governo.

O PAN anunciou também a sua abstenção, justificando-a como um “sinal de abertura ao diálogo”. Esta dinâmica parlamentar evidencia uma reconfiguração de forças, onde o PS se assume como um pilar de estabilidade para o Governo minoritário, isolando os restantes partidos da oposição e aprofundando a fragmentação no espectro da esquerda.