As negociações destacaram o papel central do Chega e aprofundaram as divisões entre o Governo da AD e a oposição de esquerda.\n\nA proposta do Governo, suportada por PSD e CDS, visa endurecer as regras de acesso à nacionalidade, propondo o aumento do tempo de residência legal para sete anos para cidadãos da CPLP e UE, e para dez anos para os restantes. Esta alteração deixaria de fora do regime mais favorável as comunidades britânica e ucraniana.
O PS, que inicialmente procurou um compromisso, acabou por votar contra na especialidade, com o seu líder parlamentar, Eurico Brilhante Dias, a lamentar a falta de acordo e a levantar dúvidas de constitucionalidade. O secretário-geral, José Luís Carneiro, acusou o Governo de “insensibilidade e desumanidade”, alertando que a nova lei poderia criar situações de apatridia para crianças nascidas em Portugal. O Chega, por seu lado, aproveitou a sua posição decisiva para influenciar o diploma, conseguindo a inclusão da exigência de meios de subsistência para os requerentes. No entanto, o partido de André Ventura manteve o suspense sobre o seu voto final global, uma vez que a sua exigência de perda automática da nacionalidade por crimes graves não foi totalmente acolhida, tendo sido aprovada uma sanção acessória a ser decidida por um juiz. Este impasse demonstra a fragilidade da maioria de direita e o poder de negociação do Chega.














