A constituição de novos executivos em diversas autarquias está a ser marcada por impasses e complexas negociações pós-eleitorais, refletindo a crescente fragmentação do poder local e o papel decisivo de novas forças políticas como o Chega. Os casos de Moncarapacho, Ferreira do Alentejo e Faro são exemplos paradigmáticos das dificuldades de governabilidade. Em Moncarapacho, a instalação da Junta de Freguesia foi adiada após a lista da coligação AD, vencedora sem maioria, ter sido rejeitada 20 vezes pela oposição de PS e Chega. O presidente eleito, Jorge Gonçalves Pereira, acusou os opositores de "ganância pelo poder" e "intransigência", alertando para o risco de paralisação da freguesia. O PS local contrapôs, afirmando que a rejeição foi um "ato legal e democrático" e que o presidente eleito se recusou a procurar uma solução de consenso. Em Ferreira do Alentejo, o impasse inverte-se: a CDU, que venceu a junta, recusa integrar o eleito do Chega no executivo, uma condição que o PS exige para viabilizar a governação, acusando os comunistas de desrespeitarem a vontade popular.
A CDU, por sua vez, denuncia um "entendimento contrário à lógica democrática" entre PS e Chega.
Em Faro, a dinâmica foi diferente.
O socialista António Pina venceu a Câmara, mas a coligação PSD/IL/CDS, apesar de derrotada, conseguiu eleger Macário Correia para a presidência da Assembleia Municipal graças a um acordo com o Chega. António Pina reagiu, afirmando que "as linhas vermelhas do PSD/Chega afinal ao Sul romperam-se" e que esta "é uma notícia para o país".
Macário Correia justificou a aliança com a recusa do PS em dialogar para formar uma mesa representativa dos três partidos mais votados.
Em resumoOs resultados das eleições autárquicas resultaram em cenários de governação complexos, onde a ausência de maiorias absolutas obriga a negociações e compromissos. Os impasses e as novas alianças, nomeadamente as que envolvem o Chega, demonstram um realinhamento do poder local, antecipando mandatos de instabilidade e a necessidade de diálogo constante para garantir a governabilidade.