A viabilização do Orçamento do Estado para 2026, garantida pela abstenção do Partido Socialista, constitui um momento definidor da atual legislatura, sublinhando a fragilidade do Governo minoritário da Aliança Democrática (AD) e o posicionamento estratégico do novo líder do PS, José Luís Carneiro. A decisão do PS foi justificada por Carneiro como um ato de "sentido de Estado" para evitar uma crise política, apesar das críticas do próprio partido ao documento, classificado como "vazio de ambição". O líder socialista afirmou que "se o PS tivesse votado contra estaríamos a entrar numa crise política", sublinhando a responsabilidade do seu partido em garantir a estabilidade governativa.
Esta posição contrasta com a postura de confronto adotada pelo seu antecessor, Pedro Nuno Santos.
Por sua vez, o Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, embora reconhecendo que a aprovação do orçamento é um fator de "estabilidade e confiança", criticou a oposição, nomeadamente o PS e o Chega, por aprovarem propostas de alteração que aumentam a despesa em cerca de 100 milhões de euros, acusando-os de invadirem a "esfera de decisão que cabe ao poder executivo". A aprovação deste segundo orçamento consecutivo sem aumento de impostos foi destacada por deputados do PSD.
Esta dinâmica estabelece um precedente para a governação, onde o executivo de Montenegro necessitará de negociar continuamente com uma oposição que, embora permitindo a sua sobrevivência, não hesita em impor a sua agenda em matérias específicas, demonstrando o poder que detém no atual quadro parlamentar.
Em resumoA abstenção do PS na votação do Orçamento do Estado para 2026 assegurou a estabilidade política do país, mas estabeleceu uma complexa dinâmica de poder. O Governo minoritário da AD fica dependente da cooperação da oposição para governar, conferindo ao PS um papel central na moderação e na viabilização da legislatura.