A formação de uma "coligação negativa" pontual entre o Partido Socialista e o Chega durante as votações na especialidade do Orçamento do Estado para 2026 demonstrou a vulnerabilidade do Governo minoritário da AD. Esta aliança tática foi crucial para aprovar várias medidas contra a vontade do executivo, alterando o equilíbrio de poder na formulação de políticas orçamentais. As votações conjuntas de PS e Chega, por vezes com o apoio de outros partidos da oposição, resultaram na aprovação de propostas com impacto financeiro significativo. Entre as mais notórias estão a isenção de portagens em troços da A2, A6 e A25, o congelamento do valor das propinas no ensino superior (após o Chega ter revertido o seu voto inicial) e o reforço da dotação orçamental do Tribunal Constitucional em 1,6 milhões de euros.
O Governo reagiu com desagrado, com o Primeiro-Ministro a acusar a oposição de invadir a sua esfera de atuação.
O PSD lamentou o "consórcio" entre PS e Chega, alertando para os custos das medidas, como os 100 milhões de euros anuais estimados para a abolição das portagens.
Esta dinâmica revela que, apesar de o PS viabilizar o orçamento através da abstenção, não abdica de usar o seu poder parlamentar, em conjunto com outros partidos, para moldar o documento e impor a sua agenda em áreas específicas, deixando o Governo numa posição de fragilidade.