Esta união de votos da oposição demonstrou a fragilidade do executivo minoritário e a sua incapacidade de controlar a versão final do orçamento. Entre as medidas mais impactantes aprovadas contra a vontade da coligação AD, destacam-se o congelamento do valor das propinas no ensino superior, a isenção de portagens em vários troços de autoestradas (A2, A6, A25, entre outras) e o reforço da dotação orçamental do Tribunal Constitucional em 1,6 milhões de euros.
A proposta sobre as propinas foi particularmente tensa, tendo sido aprovada após o Chega ter revertido o seu sentido de voto inicial, juntando-se a toda a esquerda.
O Governo reagiu com desagrado, com o primeiro-ministro a acusar a oposição de “populismo” e de invadir a sua esfera de competências, alertando para o custo adicional de cerca de 100 milhões de euros que estas medidas representam. O PSD acusou o Chega de ser o “portageiro do PS”, enquanto o PS defendeu as suas propostas como sendo “responsáveis”.
Esta dinâmica parlamentar revela um novo xadrez político, onde os dois maiores partidos da oposição, apesar das suas profundas divergências ideológicas, conseguem unir-se taticamente para condicionar a governação e impor a sua agenda em matérias específicas, demonstrando uma clara alteração na balança de poder dentro da Assembleia da República.














