A súbita hospitalização e cirurgia de urgência do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, dominaram a atualidade política, levantando questões sobre a estabilidade institucional e a continuidade do exercício das suas funções. A situação clínica do Chefe de Estado, submetido a uma intervenção a uma hérnia encarcerada no Hospital de São João, no Porto, evoluiu favoravelmente, o que permitiu afastar rapidamente a necessidade da sua substituição temporária. O Chefe da Casa Civil, Fernando Frutuoso de Melo, assegurou que o Presidente se encontrava "perfeitamente capaz" de exercer as suas funções, embora com uma agenda reajustada. Esta garantia foi reforçada pelo Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, que, após visitar Marcelo Rebelo de Sousa juntamente com o primeiro-ministro Luís Montenegro, declarou: "Podem ficar descansados que não vão ter o presidente da AR como Presidente".
A visita conjunta de duas das mais altas figuras do Estado simbolizou uma mensagem de tranquilidade e normalidade institucional. Constitucionalistas como Jorge Bacelar Gouveia explicaram que o processo de substituição não é automático e requer uma verificação de incapacidade pelo Tribunal Constitucional, um cenário que nunca esteve em cima da mesa. Apesar da rápida recuperação, o internamento obrigou ao cancelamento da agenda presidencial, incluindo potenciais visitas a Espanha e ao Vaticano, e impôs um período de repouso que condicionará a sua intensa atividade pública nas próximas semanas.
A forma transparente como a Presidência e a equipa médica comunicaram a evolução do estado de saúde foi notada por alguns comentadores como positiva para a relação de confiança com os cidadãos.
Em resumoA cirurgia de urgência a Marcelo Rebelo de Sousa gerou apreensão inicial, mas a sua recuperação favorável e as garantias institucionais afastaram qualquer cenário de vazio de poder. O episódio sublinhou a resiliência das instituições perante imprevistos, com o Presidente a manter-se em plenas funções, ainda que com uma agenda adaptada ao período de convalescença.