A aprovação do Orçamento do Estado para 2026, viabilizada pela abstenção do PS, assegurou a estabilidade governativa, mas as votações na especialidade expuseram a fragilidade do executivo minoritário da AD. A aprovação de propostas da oposição, com destaque para o PS e o Chega, contra a vontade do Governo, marcou uma reconfiguração do poder no parlamento. Embora José Luís Carneiro tenha justificado a abstenção do PS com o “sentido de Estado” para evitar uma crise política, o seu partido não deixou de criticar duramente o documento, que considerou “vazio de ambição”. Na fase de especialidade, uma aliança informal entre o PS e o Chega conseguiu impor medidas significativas, como o congelamento das propinas no ensino superior e a isenção de algumas portagens, revertendo as intenções do Governo.
Esta dinâmica levou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, a criticar a oposição por “leiloarem propostas à la carte” e por uma “interferência nas competências do Governo”.
A situação demonstra uma nova realidade parlamentar: enquanto o Governo de Luís Montenegro conseguiu aprovar o seu principal instrumento de governação, não tem controlo sobre o seu conteúdo final, ficando sujeito a alianças pontuais da oposição que podem alterar substancialmente as suas políticas.
O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, chegou a questionar o “taticismo” do PS, evidenciando a tensão entre os dois maiores partidos, apesar do acordo tácito que permitiu a sobrevivência do Orçamento.
Em resumoA aprovação do OE2026 garantiu a sobrevivência do Governo, mas revelou a sua vulnerabilidade no parlamento. A oposição, através de alianças pontuais entre PS e Chega, demonstrou capacidade para impor alterações significativas, estabelecendo uma nova e imprevisível dinâmica de poder que desafiará a governação da AD.