A troca de acusações sobre as posições assumidas há mais de uma década revelou as fraturas existentes e a luta pela hegemonia no eleitorado de esquerda. O confronto, descrito como tendo “dez anos de atraso”, centrou-se na tentativa de Catarina Martins de colar António José Seguro à direita, recordando a sua liderança do PS durante o governo de Pedro Passos Coelho. A candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda acusou Seguro de ter protagonizado uma “abstenção violenta” no Orçamento do Estado de 2011 e de ter procurado acordos com a direita. Em sua defesa, Seguro afirmou ter colocado os “interesses partidários de parte” em nome da responsabilidade nacional, garantindo que “voltaria a fazer o mesmo”. O candidato apoiado pelo PS contra-atacou, acusando Martins de tentar “agarrar-se ao património de Mário Soares” e de ter contribuído para a queda da “geringonça” ao votar contra orçamentos do governo de António Costa. Apesar do foco no passado, os candidatos convergiram no diagnóstico de uma “justiça fragilizada” na sequência da divulgação de escutas da Operação Influencer, embora com abordagens distintas sobre o futuro do Procurador-Geral da República.

O debate expôs a dificuldade da esquerda em superar as suas divisões históricas, com cada candidato a tentar afirmar-se como a opção mais credível para representar este espaço político numa eventual segunda volta.