O Ministério Público levantou suspeitas sobre um possível plano de fuga do ex-primeiro-ministro José Sócrates, arguido na 'Operação Marquês', devido a viagens não comunicadas aos Emirados Árabes Unidos. Este desenvolvimento intensifica o escrutínio sobre o arguido e a condução do processo judicial, admitindo o MP a possibilidade de agravar as medidas de coação. A preocupação do MP surgiu após notícias de que Sócrates teria realizado viagens a Abu Dhabi com uma duração superior a cinco dias, o que violaria as obrigações do Termo de Identidade e Residência a que está sujeito.
Os procuradores admitiram a possibilidade de o ex-governante estar a preparar um plano para “subtrair-se definitivamente ao alcance da justiça nacional”.
Em resposta, José Sócrates considerou as suspeitas “maldosas” e “completamente falsas”.
Num esclarecimento enviado às redações, garantiu que as viagens foram de cariz “profissional”, pagas por entidades que o convidaram, e que nenhuma excedeu o limite de cinco dias.
Para provar a sua versão, o antigo primeiro-ministro mostrou documentos e bilhetes de avião.
A controvérsia adensa-se pelo facto de Sócrates continuar a recusar revelar a sua situação económica ao tribunal, enquanto as notícias indicam que as viagens em primeira classe custaram uma parte significativa da sua pensão vitalícia declarada, que ascende a cerca de 26.600 euros anuais.
Em resumoA suspeita de um plano de fuga de José Sócrates, embora negada veementemente pelo próprio, adiciona um novo capítulo de tensão ao processo 'Operação Marquês'. Este episódio coloca em xeque a adequação das atuais medidas de coação e reforça a perceção pública de um sistema de justiça lento e desafiado por um dos seus arguidos mais mediáticos.