A candidatura presidencial de Henrique Gouveia e Melo foi abalada pela gestão de apoios políticos controversos, nomeadamente o do ex-primeiro-ministro José Sócrates. A situação forçou o candidato a demarcar-se publicamente e levou à renúncia de um mandatário regional, evidenciando as dificuldades de um candidato independente em navegar nas complexas teias de influência da política partidária. Após José Sócrates ter declarado o seu voto em Gouveia e Melo, o candidato presidencial reagiu de forma incisiva, afirmando que “há um universo que o separa” do antigo primeiro-ministro e que este “votará em quem desejar, eu não tenho nada a ver com isso”. A controvérsia intensificou-se quando se soube que o seu mandatário para o distrito de Castelo Branco, Afonso Camões, era uma figura próxima de Sócrates.
Camões acabou por renunciar ao cargo, afirmando sair para não “embaraçar o caminho” da candidatura e proteger Gouveia e Melo de ligações ao socratismo.
O candidato independente considerou que a forma como o tentaram “ligar a Sócrates não pareceu inocente”, denunciando uma manobra de “politiquice”.
O seu adversário, André Ventura, aproveitou a situação para declarar que “esta gente do José Sócrates está a juntar-se toda à volta do almirante Gouveia e Melo”.
O episódio ilustra a vulnerabilidade da sua candidatura a ataques baseados em associações políticas, testando a sua imagem de independência face ao sistema partidário.
Em resumoA gestão do apoio de José Sócrates revelou-se um teste significativo à candidatura de Gouveia e Melo, forçando-o a uma demarcação clara para preservar a sua imagem de candidato antissistema. O episódio demonstrou como figuras do passado político continuam a ser instrumentalizadas na luta pela influência e como as redes de poder instaladas representam um desafio para candidaturas independentes.