A VI cimeira Portugal-Moçambique, que culminou com a assinatura de cerca de duas dezenas de acordos e o anúncio de uma linha de crédito de 500 milhões de euros, foi duramente criticada pela oposição. Partidos como a Iniciativa Liberal e o Bloco de Esquerda acusam o Governo de "hipocrisia" por reforçar laços com um regime cujo resultado eleitoral não é reconhecido pela Assembleia da República. O Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, destacou o "elo de ligação fortíssimo" entre os dois países e anunciou a linha de crédito como um incentivo ao investimento de empresas portuguesas em Moçambique.
No entanto, esta aproximação diplomática foi contestada internamente.
O deputado da IL, Rodrigo Saraiva, afirmou que "o Estado português veste o manto da hipocrisia", argumentando que o Governo está a agir em desacordo com a posição do parlamento português.
Também Catarina Martins, candidata presidencial apoiada pelo BE, criticou as "opções diplomáticas" do executivo, questionando a legitimidade do diálogo com o governo moçambicano. A controvérsia expõe uma dissonância entre a política externa do Governo e a posição do órgão legislativo, levantando questões sobre a coerência da diplomacia portuguesa.
Em resposta, Montenegro assegurou que "não existe qualquer problema com a comunidade moçambicana" e apelou a que a imigração se faça "dentro das regras", tentando dissociar a cooperação económica e os laços históricos da controvérsia política.
Em resumoA cimeira com Moçambique evidencia uma fratura na política externa portuguesa, com o Governo a priorizar a cooperação económica e os laços históricos, enquanto a oposição o acusa de comprometer os princípios democráticos ao legitimar um governo contestado. Este episódio revela a tensão entre o pragmatismo diplomático do executivo e a fiscalização política do parlamento.